Mais de 50% das pessoas se sentem inseguras em sua cidade na região.

Sensação de insegurança – Pará

Nas mãos de Deus”, diz o letreiro exposto em um mercadinho localizado na avenida Perimetral, no bairro da Terra Firme, em Belém. O estabelecimento já foi assalto duas vezes desde que foi aberto, há oito anos. Hoje, comprar ali somente através das grades, trancadas por cadeados grandes. Isto reforça também o medo que sente a proprietária Maria Brito de abrir o comércio diariamente. “Por isso que eu digo que as nossas vidas e o nosso trabalho está ‘nas mãos de Deus’, porque nunca sabemos quando (outro assalto) pode acontecer novamente”.

O gesto de Maria – colocar grades e trancas -, é um exemplo que confirma a sensação de insegurança dos paraenses apontada na pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostrou que a população da região Norte do Brasil é a que mais se sente insegura.

Os índices revelam que mais da metade dos nortistas (51,2%) não se sentem segura nas cidades onde moram e quase 30% dos que participaram da pesquisa responderam que se sentem inseguros até dentro de suas próprias casas. Cerca de 40% desses habitantes também não conseguem sentir segurança nos bairros onde moram. Os dados são da Síntese de Indicadores Sociais 2012 (SIS).

O IBGE utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad 2009) referentes ao tema Vitimização e Justiça.

Segundo a pesquisa, o Pará é o Estado que concentra o maior índice de pessoas que convivem com a sensação de insegurança. Exatos 63,1% dos paraenses não se sentem seguros nas cidades onde moram. Das pessoas ouvidas, 51% consideram perigosos os bairros onde moram. Pouco mais de 35% da população paraense não consegue se sentir segura nem dentro da própria casa.

No que se refere à sensação de insegurança nas cidades, o Pará fica, por exemplo, à frente do Acre – que registrou um percentual de 54,7% – e do Amazonas – que atingiu a média de 45,6% da população com medo nas cidades.

O medo de morar numa cidade como Belém é facilmente constatado nas ruas, com casas de muros altos, cercas elétricas, grades reforçadas e câmeras de vigilância. Na Perimetral, por exemplo, a reportagem encontrou duas igrejas evangélicas também com as grades reforçadas.

GRADES

Mas nem mesmo estas estruturas inibem a ação dos bandidos. Roseane Gomes, 35, se surpreendeu ao chegar em sua lanchonete, que fica no terminal da Universidade Federal do Pará (UFPA), e verificar que por pouco a porta não foi arrombada. Os criminosos quebraram o concreto que prende a grade na tentativa de saquear o estabelecimento. “Eles tentaram arrancar a grade. Aqui a gente não trabalha tranquilo. Me sinto sobressaltada o tempo todo, porque até quando a gente registra boa venda eles ficam de olho”.

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MEDO

Ainda no terminal da UFPA, a universitária Jéssica Tavares, caminhava em passos ligeiros e com a bolsa agarrada em seu colo.

Questionada se este seu comportamento refletia o medo de andar por Belém, ela imediatamente confirmou. “Eu não me sinto nem um pouco segura”.

Quando está em casa Jéssica ressalta que a sensação de insegurança diminui, porém, isto só aconteceu depois que ela se mudou para um condomínio fechado, junto com a família. “O residencial tem cerca elétrica, câmera de vigilância e está bem localizado”.

O comerciante Keidson Leal, 25, relatou que já foi assaltado na porta de casa, quando chegava do trabalho. “Eles levaram o meu telefone celular. Foi uma ação muito rápida que nenhum vizinho chegou a ver”, lembra. A residência, segundo a vítima, possui muros altos e está totalmente gradeada, mas depois do assalto não consegue mais viver tranquilo.

“A gente não se sente inseguro, nós estamos sem segurança”, respondeu, quando perguntado se sentia seguro em morar em Belém, mais precisamente na Terra Firme. “Só consigo ficar tranquilo, quando vejo muitas pessoas conhecidas por perto. Aí a sensação de insegurança diminui”.

 

Diário do Pará

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