MMA – Pará – Iron Man | Portal Tailândia

 

Após um breve silêncio, atletas e empresários de MMA resolveram desabafar com exclusividade ao DIÁRIO DO PARÁ, na manhã de sábado (14), sobre os transtornos que passaram em Belém após o cancelamento do evento denominado “Iron Man”, que ocorreria na noite da última quinta (12), no Hangar, mas acabou sendo cancelado no dia do evento. Entre as reclamações, a de terem sido despejados do hotel e não terem sequer as passagens de volta para as suas respectivas cidades compradas. Apenas profissionais que pagaram as passagens de volta com dinheiro do próprio bolso teriam conseguido sair de Belém àquela altura.
Cerca de 30 profissionais, incluindo atletas e comissões técnicas, desembarcaram em Belém com a certeza de que o evento seria realizado. Uma emissora de TV, com alcance nacional, fazia chamadas durante toda a semana, inclusive com links ao vivo direto da capital paraense promovendo os combates.

“O combinado foi que os dois atletas principais receberiam as bolsas nesse mesmo dia. No entanto, o senhor Iron Man Thomas nos comunicou que até aquele momento a verba ainda não havia sido liberada, mas que no dia seguinte seria depositado o recurso”, declarou Fred Fontes, empresário dos lutadores. Segundo ele, foi acordado um novo prazo até o meio dia, e se não fosse pago não haveria luta. “Eu fiquei sabendo pela imprensa que o evento tinha sido cancelado. Estou há 14 anos nesse negócio, fazemos de quatro a seis lutas por mês, mas é a primeira vez que eu vejo um evento ser cancelado no dia do evento”.
“Hoje (sábado, 14) ao meio dia nós fomos despejados do hotel e ficamos entregues à própria sorte. Um amigo meu, empresário de Belém, nos convidou para almoçar e acabamos conhecendo o dono de uma faculdade particular, que se solidarizou e se comprometeu a pagar as passagens de quem não conseguiu voltar com o próprio dinheiro”, continuou Fred.

O organizador da luta teria passado mal depois do cancelamento. Assim, a esposa dele teria tomado a frente das negociações. Ela teria levado um termo de compromisso que eles não quiseram assinar, aonde ficava acordado que os pagamentos seriam quitados até o dia 30 desse mês. Uma cláusula do contrato previa que nenhum deles falasse à imprensa.

POR TRÁS DO GLAMOUR
O que deixou os lutadores todos ainda mais indignados é que, ao contrário do que aparentam as grandes lutas televisionadas, a maioria dos lutadores de MMA do Brasil precisam de outros empregos para se manter. De pedreiros a seguranças de festas, todos trabalham muito para conseguir um lugar ao sol.
“Situação complicada viveu o senhor que trouxe de caminhão a estrutura de octógono. Ele chegou em frente ao Hangar e estava fechado. Ele e sua equipe desceram toda a estrutura do caminhão, mas tiveram que carregar tudo de volta quando receberam a informação de que não haveria evento algum agendado ali. Ele está desesperado porque não tem condições de voltar sem receber”, informou Elton Lambreta, treinador de Paulo Filho.

“Uma pessoa que chama trabalhadores para uma outra cidade sem ter a real certeza de que terá como pagá-los, e depois os abandona à própria sorte, está brincando com a vida de seres humanos”, desabafou.

A luta principal seria a revanche de uma outra que foi realizada em 2006, no “Pride Fighting Shampionship”, evento que se assemelha ao UFC, mas que é realizado no Japão. Cerca de 60 mil espectadores acompanharam a luta em que Paulo Filho derrotou Murilo Ninja. “Essa luta seria acompanhada pelo mundo todo, porque aquela luta ficou para a história”, relatou Paulo Filho, chateado por não ter o devido reconhecimento no Brasil como tem em outros países. “Não estamos com raiva de Belém, que fique claro. Mas estamos muito chateados com essa situação”, desabafou o lutador.

O outro lado da moeda
A assessoria de comunicação do senador Flexa Ribeiro informou que o mesmo já tem conhecimento dos documentos com as supostas assinaturas falsificadas e já pediu para a Seel a cópia dos mesmos. Assim que tiver as cópias, o parlamentar tomará as providências jurídicas, entrando com uma denúncia de falsidade ideológica, apontada pelos lutadores. Por se tratar de uma entidade parlamentar, o processo pode ocorrer via Polícia Federal.

O organizador Iron Man Thomas informou que só tomou conhecimento de que o recurso para o evento não cairia às 21h40 da quarta feira, véspera da luta. Informou ainda que em nenhum momento tentou fugir com o dinheiro dos ingressos, e que o dinheiro já foi devolvido para a maioria dos compradores. Para receber o valor de volta, basta que se compareçam às lojas onde foram comprados com o bilhete em punho para receber o dinheiro de volta.

Informou também que não foi possível comprar as passagens de volta com recursos próprios porque “estamos em alta temporada”, ou seja, as passagens estão muito caras, mas que o amigo dele, “Parazinho”, se prontificou em ajudar com as despesas de hospedagem e transporte para que os lutadores não fiquem desamparados. Disse também que ele agiu com o máximo de transparência, e que a cláusula que constava no termo de compromisso, que proibia atletas e comissão técnica de falar com a imprensa, é algo legal e normal nesse meio. E negou a fraude em contratos, alegando que isso foi uma invenção para o prejudicar.

Resposta
Em resposta à matéria “Lutadores de MMA são ‘nocauteados’ por evento”, publicada na edição do sábado (14), no DIÁRIO, Eliane Pimentel, assessora jurídica do campeonato, afirmou que as denúncias feitas ao jornal não têm fundamento. “A razão do cancelamento das lutas foi burocrática, o banco não liberou em tempo hábil a quantia necessária para realização do evento”, ratificou. Sobre a falta de assistência aos lutadores de outros Estados, ela também nega a acusação. “Todos os dias vamos ao hotel conversar com eles, os mantemos informados e garantimos alimentação, hospedagem e auxílio”, complementa. Mesmo assim o retorno dos lutadores ainda não tem data definida porque a organização do evento tem encontrado dificuldades na compra de passagens de última hora.

Por fim, Eliana garante que os ingressos estão sendo devolvidos nas lojas parceiras assim como o ressarcimento de valores. “Agiram de má fé ao fazerem esse relato sem identificação. Sei que houve transtorno com o cancelamento. Meu próprio marido passou mal ao saber que ele (campeonato) não aconteceria. Mas essas denúncias não procedem”, concluiu.

 

Diário do Pará

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