O preço do quilo do arroz vem batendo recordes em todo o Brasil. De acordo com um estudo do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea-Esalq/USP), divulgado no último dia 28, o preço da saca de 50 quilos do grão bateu a marca de R$ 93,05, com variação de 4,48%.

O aumento do preço no atacado acaba refletindo diretamente no bolso do consumidor. Para se ter uma ideia, em 45 dias, o fardo com 30 quilos comprado pelos supermercadistas do Pará teve um acréscimo de 33%. O tipo 1, por exemplo, saltou de R$ 99 para R$ 132. Assim, o quilo na prateleira, em alguns estabelecimentos, chega à casa de R$ 5, em Belém.

A alta do preço tem vários fatores, mas, a preocupação é que a elevação seja apenas o começo dos aumentos. O motivo é que o grão é uma commodity. Ou seja, a comercialização está ligada ao dólar alto.

“O Brasil já tem uma tradição com a exportação do arroz, assim, com o aumento do volume exportado, demanda aquecida por causa da pandemia e, sobretudo, a moeda americana nas alturas, o grão fica com valores elevados no comércio interno, gerando impacto direto no consumidor brasileiro”, explicou o economista Thiago Freitas.

A variante traz uma preocupação ainda maior: a falta de abastecimento do produto no mercado. O presidente da Associação Paraense dos Supermercados (Aspas), Jorge Portugal, explica que o arroz tem ficado mais escasso. “Há 45 dias, o fardo estava sendo comprado entre R$ 75 e R$ 99, preço de custo. Agora, ele está chegando de R$ 110 a R$ 132, conforme a marca e o tipo. A Aspas vem conversando com o Ministério da Agricultura e mostrando uma preocupação com essa produção. Tem safra que já foi vendida sem, ao menos, ter sido colhida. Tememos que o mercado interno fique desabastecido”, observou Portugal.

O presidente da Aspas ressalta ainda que outro produto também apresentou alta nos últimos dias, com as mesmas características do arroz. “A soja também é uma comodity. O óleo de soja também está com o preço altíssimo. A caixa dobrou de preço. Este aumento tem sido gradativo, mas com a variação de dias. Os produtores, com a alta do dólar, entendem que é melhor exportar. A preocupação e o aumento são em todo o Brasil”, disse.

Variação

Segundo o Dieese, em Belém, o arroz lidera a alta da cesta básica, com reajuste de 5,63%, seguido do óleo de soja com aumento de 4,76%, em julho. De acordo com o balanço, no primeiro semestre deste ano, o reajuste acumulado da alimentação foi de 9,60%, contra uma inflação estimada para o mesmo período em torno 0,50%.

A pesquisa mostra que a trajetória de preços do quilo do arroz consumido pelo belenense, comercializado em supermercados da capital nos últimos 12 meses, foi a seguinte: em julho de 2019, custou em média R$ 2,65; encerrou o ano a R$ 2,66. Iniciou 2020 com a média de R$ 2,70 e, em julho, foi para R$ 3,35. Assim, o reajuste foi de 26,42% no acumulado do período. Uma breve pesquisa da reportagem nos supermercados mostra o quilo, na terça-feira (1º), de R$ 3,30 até R$ 5,02. Vale lembrar que os valores são de uma variação de marca e tipo do produto.

Consumo

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A administradora de empresas Rosana Alves, de 36 anos, diz que já percebeu o aumento. Em sua casa, o arroz não é tão consumido. No entanto, é item indispensável no carrinho.

“Compro entre três e quatro quilos para o mês. Evitamos comer todos os dias, mas gostamos bastante de fazer um arroz com galinha, arroz com charque e, por isso, sempre compramos tipos diferentes. Esse mês, eu comprei apenas o parboilizado. Ele é mais barato que o branco, tipo 1, que eu sempre compro. O mais caro ainda é para risoto, que é o arbório, e está quase R$ 16 a caixa com meio quilo. Isso, do mais barato. Um absurdo”, reclama.

Quem mantém restaurantes também não está satisfeito com o aumento. É que o item acompanha a maior parte dos pratos. “O arroz é quase insubstituível. Ele é feito de diversas maneiras e, assim como o feijão, é algo cultural. Tem pessoas que comem apenas com arroz. Compramos no atacado, os pacotes. Percebemos um aumento de quase R$ 20. Mas, não é só isso: quase tudo teve aumento de preço com a pandemia. O mais complicado é repassar e explicar isso ao cliente”, disse Renato Lima, gerente de uma restaurante de Belém.

O box 5, da feira da 25 de Setembro, é comandado por Joyce Santos. Assim como as outras boieiras da local, ela vende, na maior parte das refeições, o prato feito, composto por arroz, macarrão, feijão, salada e uma proteína. “Não tem como tirar o arroz do cardápio. Com o preço mais alto, a alternativa é colocar mais macarrão ou salada. Mas, os clientes pedem mesmo o arroz. Daqui a pouco, vamos ter de subir os preços, se continuar assim”, adiantou. Hoje o preço da refeição varia de R$ 12 a R$17.

Por O Liberal

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